Advogada de Robinho explica caso, confia em recurso e diz: “Sem provas”

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Selado no último sábado, o acerto do atacante Robinho com o Santos reacendeu a discussão sobre a condenação sofrida pelo jogador na Itália, com uma onda de manifestações críticas ao clube paulista, vindas principalmente das redes sociais.

O ex-jogador da seleção brasileira é acusado de violência sexual em grupo e foi condenado a nove anos de prisão em primeira instância, mas recorre em segunda e ainda tem a possibilidade de uma terceira antes da decisão definitiva. De acordo com a sentença, o crime aconteceu em 22 de janeiro de 2013, em episódio com Robinho ao lado de outros cinco homens, além da vítima, de origem albanesa. A condenação saiu em 2017, quando o atacante já havia deixado o futebol italiano – ele defendia o Atlético-MG na oportunidade. A defesa do jogador entrou com recurso.

O UOL Esporte conversou com a advogada Marisa Alija, representante do jogador, e com outros profissionais da área para entender: afinal, qual é o entendimento sobre o estado atual do processo sofrido por Robinho?

“A gente não pode considerá-lo culpado se o processo não transitou em julgado. O debate não é esse. Independente do status deste processo, o que se levanta é que quando um crime dessa magnitude é cometida contra uma mulher, os instrumentos de controle são muito mais benevolentes com o agressor do que se ele tivesse cometido um crime entre homens”, analisou a advogada Mônica Sapucaia Machado, especialista em direitos das mulheres, ao blog “Lei em Campo”.

A principal crítica endereçada ao Santos é pela contradição conceitual. O clube levantou várias bandeiras em prol dos direitos das mulheres nos últimos anos em redes sociais, além de ter prestigiado o futebol feminino, mas acertou com um atleta que, no entendimento comum, já está definitivamente condenado por violência sexual. Alija lamenta tal compreensão e credita a opinião pública à falta de informação sobre o episódio.

“As pessoas não podem sair por aí falando coisas com propriedade do jeito que estão sendo faladas. Existem graus de defesa que não estão sendo levados em conta. O pessoal está indo para o lado da ‘lacração’, para ganhar seguidores, sem saber. Inclusive jornalistas, o que me causa pavor. Sem saber o que está acontecendo”, disse Alija à reportagem do UOL Esporte.

A advogada ainda argumenta que, como Robinho recorre do processo, o atleta não tem nenhum impedimento para entrar no Itália ou em qualquer país da União Europeia. Segundo Alija, isso já aconteceu após decisão de condenação em primeira instância.

“Depois que teve a condenação em primeira instância, ele foi jogar ainda na Turquia. Por mais que as pessoas falam ‘Ah, não faz parte da União Europeia’, ela [a Turquia] está em processo de entrada na União Europeia, e a gente estava a duas horas de avião da Itália. E ele entrou na Itália uma vez depois da condenação, e entrou na Europa várias e várias vezes. Ele jogou na Europa, e todo mundo sabe que a comunidade europeia, se existisse uma sentença contra ele, algum impedimento de ele entrar na Itália, automaticamente ele não poderia entrar em qualquer outro país que seria preso e encaminhado para a Itália.”

Mais sobre o caso: advogada questiona as provas
Robinho é acusado de violência sexual em grupo na época em que jogava na Itália. De acordo com a representante do jogador, a acusação contra o reforço do Peixe foi feita um ano depois.

“Foi feita uma acusação por essa menina, que era amiga de outros [homens] que ela acusou, conversavam por Facebook. Eles estavam numa festa, em que a mulher do Robinho estava junto, inclusive. Depois que ela diz que aconteceu, ela foi com mais duas amigas para outra festa, com os outros acusados, o Robinho não estava presente. Posso estar falhando a data precisamente, mas depois de quase um ano ela começou a entrar em contato com as pessoas ao redor, dizendo que tinha sido estuprada e tentando de alguma forma chegar [no Robinho]”, disse a advogada.

“Ela fez a acusação, depois disso tudo, e apresenta um vestido que ela usava no dia e guardou no plástico. Foi detectado que não tinha nenhum material genético do Robinho naquele vestido. Nisso o Robinho continua [à época] jogando no Milan por mais um ano, um ano e meio. Ou seja, ele não fugiu da Itália, ele saiu da Itália legalmente”, acrescentou.

Na conversa com o UOL Esporte, Marisa Alija destacou que a acusação em primeira instância teria sido baseada em um áudio de terceira pessoa.

“O que ela [a juíza] cita é uma conversa que ele (Robinho) nem estava participando, de terceira pessoa. Sobre o DNA é que não tem nenhuma prova contra o Robinho, nada. Não tem DNA do Robinho. A única prova dos autos, que é lançada como prova pela acusação, é de um vestido que ela guardou, que seria do dia que ela acusa que tenha acontecido isso”, concluiu.

Além da condenação a nove anos de prisão, Robinho foi intimado a pagar 60 mil euros à acusadora, Mersedes Kazazi. Segundo sua advogada, a vítima recorreu para aumentar o valor da condenação para 575 mil euros.

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