A Argentina realiza neste domingo, 14, suas eleições legislativas, quando serão escolhidos os 24 membros do Senado e 127 parlamentares da Câmara dos Deputados para mandatos de quatro anos. Entre os especialistas, a previsão é de que o pleito repita o resultado das prévias de setembro, impondo uma derrota ao governo de Alberto Fernández e dando espaço para a ascensão de candidatos da direita e extrema-direita, como o liberal populista Javier Milei, que tem como inspiração o presidente Jair Bolsonaro.
Mas o que de fato causou a crescente insatisfação dos argentinos com o governo atual? O professor adjunto de Política Internacional da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Paulo Velasco, explica que a incapacidade do presidente Alberto Fernández de amenizar os sintomas da crise econômica em dois anos de mandato está entre os principais fatores de descontentamento dos argentinos com o Poder Executivo. A informação é da Jovem Pan News.
“A população se sente desapontada pelo fato de mais de uma vez um presidente ter sido eleito prometendo soluções variadas para a crise e, com o passar do tempo, isso não acontecer.”
Regiane Nitsch Bressan, professora de Relações Internacionais da Universidade Federal de São Paulo e coordenadora do Observatório de Regionalismo, relembra que a crise econômica já castiga o povo argentino há duas décadas. “Se analisarmos o cenário doméstico, fica evidente que as dificuldades econômicas da Argentina, que já completam 20 anos, não acabaram. A gente não pode esquecer que faz 20 anos que a Argentina enfrenta o ‘corralito’ [interrupção da retirada de depósitos em contas correntes e poupanças] e a desvalorização da moeda. Ela nunca se recuperou”, pontua a docente.