Bolsonaro ironiza eficácia da coronavac, mas diz que país vai comprar qualquer imunizante aprovado: “Entre eu e a vacina tem a Anvisa. Não sou irresponsável”

0

x91163458_Brazils-President-Jair-Bolsonaro-looks-on-during-a-ceremony-at-the-Planalto-Palace-in.jpg.pagespeed.ic_.2LszUlOmls Bolsonaro ironiza eficácia da coronavac, mas diz que país vai comprar qualquer imunizante aprovado: “Entre eu e a vacina tem a Anvisa. Não sou irresponsável”Foto: Adriano Machado/Reuters

O presidente Jair Bolsonaro ironizou nesta quarta-feira a eficácia de 50,38% da CoronaVac, divulgada na terça-feira pelo governo de São Paulo. Bolsonaro disse que a “verdade” está aparecendo, sem especificar a que se referia, mas repetiu que o governo comprará qualquer vacina que tenha o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O Ministério de Saúde já assinou um contrato para comprar 46 milhões de doses da CoronaVac.

A declaração do presidente foi feita durante conversa com apoiadores, no Palácio da Alvorada. Um homem falava sobre a importância da vacina contra a Covid-19, quando Bolsonaro disse, rindo:

— Essa de 50% é uma boa?

Em seguida, o presidente afirmou que está há “quatro meses apanhando por causa da vacina”, mas que não quer “agradar quem quer que seja”:

— O que eu apanhei por causa disso…Agora estão vendo a verdade. Estou quatro meses apanhando por causa da vacina. Entre eu e a vacina tem a Anvisa. Não sou irresponsável. Não estou a fim de agradar quem quer que seja.

O mesmo apoiador disse, então, que o melhor imunizante é o feito pela AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxfod. Bolsonaro retrucou que a melhor é que “passar pela Anvisa”. Tanto a CoronaVac quanto a de AstraZeneca/Oxford já estão sendo analisadas pela agência.

— É a vacina que passar pela Anvisa. Seja qual for. Passou por lá…Já assinei um crédito de 20 bilhões (para comprar).

A CoronaVac, produzida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech em parceria com o Instituto Butantan, tem uma eficácia geral de 50,38%, anunciou nesta terça-feira o governo de São Paulo. Os dados incluem os voluntários do teste clínico que contraíram a doença, mas tiveram casos leves, o que mostra que o imunizante é capaz de proteger contra formas graves da Covid-19. A vacina supera o índice recomendado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), apesar de o valor ser menor do que o índice 78% de eficácia anunciado inicialmente em relação a casos moderados.

A taxa global é menor do que os 78% porque inclui casos muito leves de coronavírus, ou seja, mesmo que a pessoa tenha se infectado, pode ter sido assintomática ou não ter necessitado de hospitalização. Para casos moderados e graves da Covid-19 – com hospitalização, incusive em UTIs -, a eficácia do imunizante foi de 100%.

Durante a fase três do estudo, que ainda está em andamento, 252 pessoas já apresentaram infecção. Dessas, 85 receberam a vacina (e por isso a eficácia global de 50,38%) e 167 receberam uma substância placebo. Entre as infectadas após receberem o imunizante, ninguém precisou de internação hospitalar.

Polêmicas e disputa política

A CoronaVac aparece em polêmicas e disputas políticas desde o ano passado. Em outubro, o ministro da Saúde, Eduardo, Pazuello anunciou, durante uma reunião com governadores, a assinatura de um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses. No dia seguinte, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que a “vacina chinesa de João Doria” não seria comprada pelo governo.

Após a declaração de Bolsonaro, o Ministério da Saúde voltou atrás. O secretário-executivo da pasta, Elcio Franco, disse que se tratava de “uma interpretação equivocada” e que não havia “intenção de compra”. Um dia depois, em um vídeo ao lado de Bolsonaro. Pazuello afirmou que “um manda e outro obedece”.

A justificativa original de Bolsonaro era de que o governo não poderia comprar uma vacina antes do registro na Anvisa. Entretanto, ele chegou a falar depois que a CoronaVac não seria comprada mesmo se obtivesse aprovação da agência. Além disso, o contrato acabou assinado antes da análise da Anvisa, após uma medida provisória (MP) autorizar esse tipo de compra.

O Globo

Artigo anteriorSuspeito de assaltos morre e outro fica ferido após serem perseguidos e baleados na Grande Natal
Próximo artigoFOTOS: Em ‘logística de guerra’, Forças Armadas enviam cilindros de oxigênio para hospitais públicos de Manaus, em caráter de urgência

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui