O Instituto Butantan pediu à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorização para iniciar testes clínicos em humanos de um soro que poderá ser utilizado para o tratamento da Covid-19. De acordo com o instituto, cerca de 3 mil frascos estão prontos para serem utilizados nessa fase do estudo.
O produto é feito a partir do plasma sanguíneo de cavalos. Para fabricá-los, os pesquisadores aplicaram o vírus inativado por radiação nos animais. Em resposta ao vírus, eles produziram anticorpos do tipo imunoglobulina G (IgG).
Esses anticorpos são extraídos do sangue e purificados por meio de uma técnica usada no instituto há décadas para produção de outros soros, como o antiofídico, usado contra picadas de serpentes.
Em testes realizados em ratos infectados pelo vírus vivo, a equipe do Butantan observou que o uso do soro diminuiu a carga viral e resultou em uma melhora na estrutura pulmonar das cobaias.
Um dia depois da administração do soro, vimos uma proteção muito grande nos pulmões desses animais”, afirmou a bioquímica Ana Marisa Chudzinski-Tavassi, diretora de Inovação do instituto, em entrevista à CNN.
Ainda de acordo com Tavassi, os testes serão aplicados, inicialmente, em um número reduzido de pacientes infectados pela Covid-19. A intenção será avaliar como o corpo humano reage ao produto.
“Na primeira fase, o soro será aplicado num número reduzido de pacientes e a resposta será ‘funciona ou não funciona’. É um processo praticamente imediato, porque o soro será utilizado em casos em que o vírus já está presente. Dois dias depois, vamos saber se está funcionando ou não”, afirmou.
Soro x vacina
Enquanto o soro é usado para tratar doenças, a vacina evita o surgimento delas. Na prática, o soro oferece ao paciente infectado um anticorpo pronto, que é capaz de reconhecer e bloquear a propagação do vírus.
A vacina, por sua vez, é profilática. Ou seja, o vírus é injetado no organismo e o sistema imunológico gera o anticorpo. Assim, em caso de contato com a Covid-19, o organismo estará pronto para a defesa.