João vendeu videogame para comprar iPhone, caiu em golpe, mas achou o bandido

Menino de 11 anos alertou os pais sobre presença do golpista e homem foi capturado na base do "pega ladrão!"

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Marcos Maluf)

“Mãe, caímos num golpe, não é?”. A pergunta já era certeza para João Pedro Martins, 11 anos, ao perceber que havia perdido os R$ 900 angariados para comprar um iPhone 7, sonho de consumo. O dinheiro foi recuperado dias depois, quando o golpista foi reconhecido pelo menino em um shopping, e capturado após tentativa de fuga pelo estacionamento. Além de recuperar o dinheiro, o garoto ganhou não somente um, mas dois iPhones. A correria pelo estacionamento foi final insólito de história iniciada com desejo de João Pedro de comprar o celular. “Ele sempre batalhou para conseguir o que queria”, conta a mãe, a operadora de caixa Luciene Soares Martins, 35 anos. Luciene lembra que, anos atrás, quando o filho quis comprar tablet, a mãe disse que o ajudaria. Deu a ideia de fazer bombons e bolos de pote que foram vendidos pelo menino pelo bairro. O dinheiro angariado foi usado para a compra.

Aos 9 anos, João Pedro queria comprar saxofone para começara a aprender. Recebeu semijoias em doação, fez rifa, arrecadou o dinheiro e comprou o instrumento. “Quem comprou a rifa foi uma irmã da igreja, que disse que, se ganhasse, não iria querer as semijoias”. O prêmio voltou para o menino, que fez outra rifa e comprou Xbox.

Quando quis o iPhone, o menino vendeu o videogame e bombons pelo bairro para juntar dinheiro e comprar o aparelho. Pesquisando na internet, achou oferta por R$ 900. A mãe o ajudou com R$ 250, completando a quantia.

No dia 10 de dezembro, o vendedor foi até a casa da família, no Jardim Antártica para finalizar a negociação. Ele chegou acompanhado de outro homem, que permaneceu no carro. “No anúncio era uma coisa, quando ele trouxe, era outra coisa: o celular sem nota, sem caixinha, eu comecei a questionar, ele começou a ficar nervoso”, lembra.

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Estelionatário foi preso após ser reconhecido (Foto/Direto das Ruas)

O homem justificou, dizendo que iPhone era leve. Os questionamentos de Luciene continuaram e o vendedor se mostrava incomodado. “Até que ele apoiou a mão no ombro do meu filho e disse que estava com pressa de receber, ali eu vi que era golpe”. Com medo de que os homens fizessem algo contra o menino, pagou.

Depois, viram que o vendedor entregou apenas a carcaça do aparelho. “Era melhor perder o dinheiro do que a vida”. João Pedro começou a chorar e a mãe pediu que ele fizesse oração, dizendo que “Deus terá coisa boa para você”. No dia 11, eles registraram o caso à Polícia Civil.

A história comoveu a vizinhança, cliente assídua das rifas e bombons vendidos pelo menino. Uma delas postou nas redes sociais o que havia ocorrido e o compartilhamento chegou até uma empresária, que entrou em contato com a família, dizendo que queria doar celular para João Pedro.

Encontro – A família e a empresária marcaram encontro em shopping. Antes dela chegar, o pai de João, Valdinei Martins, foi ao banheiro. O menino e a mãe ficaram esperando, olhando capas de celular. “Quando olhei para o lado, eu reconheci ele na hora, mesmo com máscara, fiquei até nervoso”, lembra João Pedro. Depois, avisou.  “Pai, é ele, ele me deu golpe”.

O homem começou a ser seguido pela família, até que o pai de João o abordou, perto do mercado do shopping e pediu para que ele retirasse a máscara. Luciene disse que ele apresentou outro nome, dizia que era outra pessoa. “Aí ele correu, meu marido começou a gritar ‘pega ladrão, pega ladrão’”.

O homem atravessou o mercado e correu para o outro lado da rua, em direção ao estacionamento de loja de departamento. Um motorista de aplicativo abandonou o carro para ajudar a família e conseguiu alcançar o golpista.

Cercado, o homem parou, confessou o golpe e devolveu R$ 500 em dinheiro e fez transferência de outros R$ 400. A PM (Polícia Militar) foi acionada e o golpista levado à Depac/Cepol (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário), sendo indiciado por estelionato.

Prêmio – Depois da confusão, João Pedro se encontrou com a empresária e recebeu o celular. Enquanto a família estava na delegacia, registrando a ocorrência, recebeu ligação de outro empresário, que tinha organizado vaquinha para comprar o celular.

Em casa, com calma, Luciene pediu para o filho ligar para o empresário. “Eu agradeci, mas falei que não precisava mais, que já tinha ganhado um celular”, disse João. O empresário, porém, manteve o presente. “Ele disse que tinha prometido e que o João tinha ganhado um fã”, conta a mãe, orgulhosa.

Um dos iPhones 7 ficou com João e, o outro, ele deu de presente para a mãe. “No início eu fiquei meio triste, me sentindo culpado, dequerer esse iPhone, agora estou feliz”.

 

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