Jogadores gastam o que têm e o que não têm para jogar na Europa; maioria relata fome e até falta de papel higiênico

0

Vender morangos pelas ruas de Florianópolis (SC) rendia ao ambulante José Nildo Barbosa, em média, R$ 2 mil por mês. Nascido no Maranhão, quando jovem, desceu do Nordeste para a cidade grande em busca de trabalho —parafraseando Belchior. Nildo sonhava em ser jogador de futebol, mas seu pai, “roceiro cabeça dura”, achava uma perda de tempo. “Filho meu tem que trabalhar”, repetia à exaustão.

Pai solo de dois filhos, depositou no único menino o sonho que não pôde viver. Wallace começou a treinar futebol com quatro anos. A escolinha era cara e o tempo para ficar com o filho não existia, mas o pai deixava de trabalhar para acompanhar treinos, corrigir erros e celebrar acertos. Wallace seria um grande nome do futebol brasileiro: “Pode apostar, filho. Se tu quer, eu sei que tu consegue”, dizia.

Wallace desistiu algumas vezes. O pai, nunca. Investiu no filho todo o dinheiro que tinha —e o que não tinha também. A última tentativa de Nildo, talvez a mais incisiva e arriscada de todas, foi acionar um empresário com fama de emplacar jogadores em clubes estrangeiros.

O nome era conhecido em Santa Catarina. Por 1.200 euros (R$7,5 mil), Wallace seria apresentado a muitos clubes na Turquia. O empresário enviava fotos de dentro do estádio do Antalyaspor Kulübü, time tradicional do país. “Parecia confiável. Sempre de terno, bem vestido. Um homem de negócios na Turquia”, conta Wallace. “Ele dizia que era só pagar 1.200 euros que eu viajaria —a passagem eu precisaria comprar— e passaria um mês treinando, sendo preparado, e apresentado a clubes locais e aos que viriam de fora”, conta o jogador.

O resultado foi uma dívida de seu pai de mais de R$ 20 mil com agiotas. Nesta reportagem, UOL Esporte traz relatos de jogadores que compraram esse mesmo sonho, vendido pelo mesmo homem: Fernando Sá. O empresário nega ter agido de má fé e diz que fazia um favor a jogadores pouco capacitados.

Artigo anteriorVÍDEO: POLICIAL CIVIL QUE FAZIA SEGURANÇA DE CANDIDATO VÍTIMA DE ATENTADO NO RN LEVOU TIRO NA CABEÇA MAS CONSEGUIU ESCAPAR
Próximo artigoDefensoria pede R$ 10 milhões de indenização do Magazine Luiza por “marketing de lacração”

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui