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Marinho defende mais gastos e diz que país parece ter ‘faca cravada no olho’ enquanto se preocupa ‘com cisco’

Ministro do Desenvolvimento diverge de Paulo Guedes e quer aumentar obras públicas: 'Recebi missão do presidente de ter um olhar especial para o Nordeste'

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Ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, posa para fotografia no canal de transposição do Rio São Francisco, no Ceará, com o presidente Jair Bolsonaro Foto: Alan Santos / Presidência da República/26-6-2020
BRASÍLIA – O ministro do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, é hoje o principal contraponto no governo ao discurso de austeridade fiscal do titular da pasta da Economia, Paulo Guedes.

Junto com parte dos militares e de ministros próximos ao presidente Jair Bolsonaro, ele tem defendido a ampliação de gastos públicos para acelerar a recuperação da economia.

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O ministro advoga, em especial, por investimentos em infraestrutura básica nas regiões Norte e Nordeste, onde o presidente busca ampliar sua base eleitoral de olho na campanha de reeleição em 2022. E cita projetos de acesso a água, como a transposição do Rio São Francisco.

Os sinais de pressão no governo por mais gastos se multiplicaram nesta semana, com a elaboração de uma consulta ao Tribunal de Contas da União em busca de uma folga orçamentária de R$ 10 bilhões para obras e as declarações do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) ao GLOBO de que Guedes terá “que arrumar um dinheirinho” para dar continuidade a obras com impacto social e na infraestrutura.

Em entrevista ao GLOBO, Marinho admite divergências com Guedes desde o esboço do plano Pró-Brasil, com investimentos públicos em projetos de infraestrutura, que apoiou junto ao ministro da Casa Civil, Braga Neto, e que enfrentou forte resistência da equipe econômica. Mas diz achar saudável debate de ideias distintas no governo.

Ele frisa que recebeu do presidente a missão de olhar com atenção especial para o Nordeste e defende a ampliação de gastos públicos: “Parece que temos uma faca cravada no olho e estamos preocupados com o cisco”.

Parece que temos uma faca cravada no olho e estamos preocupados com o cisco””

ROGÉRIO MARINHO, MINISTRO DO DESENVOLVIMENTO REGIONAL
em entrevista ao GLOBO

Como responde à crítica de que é um ministro gastador?

Só posso gastar o que está no meu orçamento. Serei eficiente se executar o meu orçamento. O que interessa para a sociedade é que as obras que estão paralisadas sejam retomadas.

Não há maior desrespeito ao cidadão que paga seus impostos do que esse enorme cemitério de obras inacabadas que estão espalhadas pelo país em função dos equívocos que permearam administrações passadas. O que tenho feito aqui é racionalizar o nosso trabalho.

Estou retomando as obras paralisadas por orientação do presidente e executando o meu orçamento.

Bolsonaro criticou o Bolsa Família e agora pretende ampliar o programa criando o Renda Brasil.  Isso não o aproxima do governo do PT?

Não podemos reconstruir o país do zero e fazermos de conta que não aconteceu nada antes. O presidente tem essa sensibilidade. Em função dessa calamidade, descobrimos que existiam milhões de “invisíveis”, que não foram atendidos ao longo de décadas. De oito milhões a dez milhões de famílias precisam de algum suporte financeiro.

O que o governo vai fazer é realocar recursos públicos que perderam a razão de ser porque estão mal aplicados. Não haverá aumento do gasto público. Será feito um reordenamento do Orçamento.

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Essa guinada do presidente Bolsonaro para as questões sociais, com viagens para o Norte e Nordeste, vai render frutos eleitorais?

Qualquer ação do presidente tem viés político. Ele é o principal mandatário do país e o fato de ele emitir qualquer opinião tem repercussão de imediato. Qualquer ato, gesto ou ação. Ele é uma pessoa pública. Ele está simplesmente dando visibilidade ao que o governo federal já faz. A nossa maior dificuldade é conseguir comunicar isso à sociedade.

O foco do presidente em levar água para todo o país é uma estratégia para 2022?

Quem tem que avaliar isso é a população oportunamente.

E a sua opinião?

Recebi uma missão do presidente de ter um olhar todo especial para o Nordeste. E a nossa luta tem sido no que chamamos de segurança hídrica, que é uma espécie de guarda-chuva. Vem desde a questão do saneamento, tratamento de água, esgoto e resíduos sólidos até adutoras que permitam que população possa ser abastecida de água potável, barragens, cisternas, poços de dessalinização.

O senhor tem acompanhado o presidente nas viagens em estados que são redutos do PT. O ele tem em mente?

O presidente tem muita sensibilidade por esses temas. Cada viagem dessa ele se recarrega, se oxigena, porque a reação das pessoas nos emociona. O Nordeste nunca foi propriedade de um partido político, é uma região formada por pessoas que, na sua maioria, têm dificuldades financeiras. Essas pessoas querem governos realizadores.

Historicamente, o Nordeste tem sido um local onde as pessoas têm se preocupado pouco com o desenvolvimento regional e muito com a questão dos votos. O presidente tem trazido para o Nordeste a segurança hídrica.

Se você fizer qualquer pesquisa, qualquer consulta, vai perceber que houve uma mudança muito grande e ânimo, de lideranças da população do Nordeste em relação ao presidente, desde a sua eleição.

A aproximação do presidente com o centrão no Congresso não afronta o discurso contra o “toma lá, dá cá”?

O presidente tomou essa decisão junto com seus articuladores políticos, como os ministros Ramos e Braga Netto. É muito complicado você apresentar projetos dentro do Parlamento e não ter aderência porque não há uma base de sustentação. Não há outro motivo a não ser governabilidade.

O que é o toma lá, da cá? É a participação no governo? Participação em recursos de verbas públicas que cada um leva para seu respectivo estado e município? A própria Constituição estabelece isso como uma prática absolutamente normal.

O senhor pretende disputar a eleição para o governo do Rio Grande do Norte?

A minha cabeça está focada em fazer um bom trabalho no ministério, tanto é que estou até sem partido desde março. Não vou me meter em campanha eleitoral e tenho tido o cuidado de receber aqui todos os partidos.

E o novo Minha Casa Minha Vida? Sai quando?

Estamos com uma medida provisória que deve sair nos próximos dias. Será um novo programa habitacional. Não temos mais um país que pode fazer investimentos com recursos públicos da maneira que fazíamos anteriormente.

Queremos é diminuir taxa de juros para permitir que as pessoas possam ingressar no mercado imobiliário, estamos diminuindo custos de agentes operadores, spread bancário, melhorando a questão de regularização fundiária. Queremos ajudar os municípios nessa área e na de reformas residenciais. O globo

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