No auge da popularidade, Bolsonaro intensifica viagens e oposição fragmentada bate em contradições. Viagem para o RN é confirmada

0
  1. O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta segunda-feira (17), em Sergipe, que também irá ao Rio Grande do Norte nesta sexta, dia 21. Nesta terça, ele estará em Corumbá (MS).

O presidente já disse que tem a intenção de visitar pelo menos dois estados por semana.

A pouco mais de dois anos do primeiro turno da próxima eleição presidencial, Jair Bolsonaro (sem partido) já vestiu o uniforme de candidato à reeleição e trocou a bolha das redes sociais pelo contato com o público em inaugurações de obras pelo país.

O contexto ainda é de pandemia e a Covid-19 já matou mais de 100 mil pessoas no Brasil, mas, geralmente sem máscara e provocando aglomerações, nesta terça-feira (18) Bolsonaro chega à sua 16ª viagem oficial do ano —contabilizadas apenas aquelas que foram divulgadas à imprensa.

Dez delas foram realizadas em julho e agosto.

Os focos são o Nordeste e o Sudeste. Dos sete estados visitados desde que se recuperou da Covid-19, apenas um era no Sul —Rio Grande do Sul— e outro no Norte —Pará. O Nordeste teve três estados visitados —Piaúi, Bahia e Sergipe—, enquanto o Sudeste, dois —São Paulo e Rio de Janeiro.

A participação de Bolsonaro em inaugurações pelo país era cobrança recorrente de seus novos aliados do centrão —grupo de congressistas liderado por PP, PL e Republicanos—, que reclamavam que governadores adversários capitalizavam politicamente em cima de obras feitas com recursos federais.

O presidente, então, passou a rodar o país para cortar a fita nas inaugurações.

Os Ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional têm uma lista de obras apresentada ao chefe do Executivo para que ele escolha os locais que quer visitar até o fim do ano.

Os titulares destas pastas, Tarcísio de Freitas e Rogério Marinho, respectivamente, integram o que passou a se chamar de ala desenvolvimentista do governo.

O Datafolha mostrou que Bolsonaro está no auge de sua popularidade, com 37% dos brasileiros considerando seu governo ótimo ou bom. A curva de rejeição caiu de 44% para 34%. Para 47%, ele não tem culpa pelas 100 mil mortes causadas pela Covid-19 no país.

A onda positiva é alavancada pelo auxílio emergencial de R$ 600, que impediu 23,5 milhões de caírem na pobreza. Este benefício, pago desde abril, deve ser estendido até outubro.

Até o fim do ano, Bolsonaro lançará medidas de impacto social. Deve enviar ao Congresso um projeto de lei que cria o Renda Brasil, uma reformulação do Bolsa Família que serviria como substituto ao auxílio-emergencial, sobretudo para trabalhadores informais.

O valor do benefício ainda não foi definido, mas deve ser superior ao do programa criado no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), entre R$ 250 e R$ 300.

Além da nova iniciativa, o governo federal distribuirá até o fim do ano R$ 5 milhões em cestas básicas para mulheres em situação de vulnerabilidade e pretende lançar o programa social “Cuidar + Brasil”, discutido pelo Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos.

Opositores procuram minimizar os efeitos da ofensiva eleitoral do presidente.

“Nitidamente, ele está querendo compensar no Nordeste o que perdeu no Sudeste. Penso, contudo, que só conseguiria isso se fizesse mais do que simplesmente inaugurar obras dos governos Lula e Dilma”, disse o governador do Maranhão, Flávio Dino (PC do B).

“Não há obras iniciadas por ele. Nenhum programa novo. Ele só está visitando obras alheias e mudando nome de programas já existentes​”, disse o governador.

O senador Humberto Costa (PT-PE) afirmou que é preciso que a oposição busque um discurso comum que aponte contradições de Bolsonaro, apesar da fragmentação que o campo político contrário ao governo está sofrendo por causa de disputas no âmbito das eleições municipais.

“Temos de trabalhar a unidade da oposição para enfrentar este momento, especialmente no Nordeste, onde ele está atacando”, disse Costa.

O senador admitiu que o presidente está conseguindo surfar em questões como o sucesso do auxílio emergencial, falou em desespero das pessoas diante das crises sanitária e econômica e que o momento reflete mudança de postura de Bolsonaro, que causava instabilidade política constante com ataques ao Legislativo e ao Judiciário.

Costa, porém, insistiu que a situação não está resolvida para Bolsonaro e que a oposição tem de esboçar uma reação.

“As contradições são gigantescas e precisamos explorá-las: O auxílio continua? Até quando? Em que valor? Há o pós-pandemia, as disputas internas do governo, entre o bloco dos militares com o centrão, querendo mais dinheiro, e boa parte do empresariado que ainda apoia Bolsonaro e é contra furar o teto de gastos.”

Com informações da FOLHAPRESS

Artigo anteriorSara Winter pode ser presa por divulgar dados de menina, dizem advogados…
Próximo artigoLatam e Azul iniciam operações de voos compartilhados O acordo envolve 64 rotas domésticas

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui