Número de imigrantes detidos na fronteira entre EUA e México é o maior em 15 anos

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Mais de 171 mil imigrantes foram detidos na fronteira entre os Estados Unidos e o México em março, o maior número mensal em 15 anos, segundo dados preliminares divulgados pela imprensa americana. O aumento foi de mais de 70% com relação à fevereiro, sinal da piora da crise migratória que o presidente Joe Biden encontra dificuldades para controlar.

O número de crianças e jovens desacompanhados presos ao entrar nos EUA, por sua vez, quase dobrou em um mês, passando de 9.450 para 18.700, incluindo detenções em postos alfandegários. Em fevereiro de 2020, apenas 3.490 menores haviam cruzado a fronteira.

A polícia também deteve mais de 53 mil imigrantes viajando em famílias no mês de março, contra cerca de 19.250 em fevereiro, de acordo com os números preliminares. Segundo o New York Times, as estatísticas oficiais ainda estão terminando de ser computadas e o relatório final deve ser divulgado na semana que vem.

O agravamento da crise migratória acentua ainda mais as dificuldades que a Casa Branca encontra para processar os milhares de menores desacompanhados que já estão em centros de detenções. O ritmo de entrada é similar ao visto em 2019, quando o governo de Donald Trump teve dificuldade para processar adequadamente a grande quantidade de famílias que fugiam da pobreza, da violência e da perseguição no chamado Triângulo Norte, que engloba Honduras, Guatemala e El Salvador.

Biden mantém em vigor uma medida de emergência da era Trump, implementada em resposta à pandemia de Covid-19, que dá aos agentes de segurança o poder de recusar rapidamente os imigrantes na fronteira, sem dar a chance de pedidos de asilo. O governo, contudo, não aplica a regra a menores desacompanhados.

Diante das críticas dos republicanos de que Biden não tem o controle da fronteira, funcionários do governo citam repetidamente o uso da regra contra adultos solteiros e famílias. Na semana passada, Biden disse que a “grande maioria” das famílias está sendo enviada de volta para o México, mas os números sugerem que este não é o caso.

A maior parte das famílias presas na fronteira são subsequentemente soltas ao ingressas nos EUA devido à superlotação nos centros de detenção em ambos os lados da fronteira, segundo documentos oficiais e funcionários do governo. Segundo dados obtidos pela Reuters referentes a três dias dias de março, houve expulsão em não mais que 16% dos casos.

Para aliviar as instalações do governo, a polícia fronteiriça vem liberando muitas famílias em estações de ônibus ao longo da fronteira. A algumas delas, sequer é dado informações completas de quando devem comparecer aos tribunais, de acordo com as autoridades.

O governo atribui a impossibilidade de expulsar famílias a uma mudança na lei mexicana que proíbe a detenção de crianças pequenas. As autoridades mexicanas também recusaram as expulsões por causa do espaço restrito em seus abrigos.

Desumano

Na terça-feira, agentes de fronteira resgataram duas crianças de origem equatoriana que foram jogadas sobre o muro que marca a fronteira com o México. Em comunicado, o serviço de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) divulgou imagens de câmeras de segurança mostrando as crianças, de três e cinco anos de idade, sendo levadas à parte alta da proteção, de quatro metros de altura, por um contrabandista, que as deixa cair já do lado americano. O caso ocorreu na terça-feira, mas só foi divulgado nesta sexta.

“Imediatamente depois que as crianças caíram no chão, os contrabandistas deixaram a área e abandonaram as crianças indefesas do lado Norte da linha fronteiriça internacional”, disse o CBP, em comunicado. As duas foram levadas a um hospital, onde ficaram em observação até serem liberadas. Elas ficarão sob custódia do Departamento de Saúde.

Em declaração na quarta-feira, o secretário de Segurança Interna, Alejandro Mayorkas, destacou o aspecto desumano do tráfico de crianças através da fronteira. Para ele, a ação dos contrabandistas, que abusam das crianças às custas do desespero dos pais, é “criminalmente e moralmente repreensível”.

Blog do BG

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