No dia 27 de agosto (hoje), há 56 anos, comemoramos o Dia Nacional do Psicólogo(a). Data propícia para lembrar a importância desse profissional para a sociedade.
A psicologia como ciência e profissão é cada vez mais reconhecida, e extrapola os consultórios particulares.
Encontramos psicólogos atuando nas escolas, nas clínicas e nas organizações.
Trabalham em muitas áreas diferentes: esporte, educação, forense, avaliação psicológica, etc. Recentemente, com advento da internet, a comunicação humana ganhou contornos digitais. O acesso a informação e a profissionais de qualquer canto do planeta é uma realidade. Entretanto, a preferência por atendimento presencial continua. Apesar disso, a clássica imagem de um psicólogo no consultório e seu paciente deitado em um divã, está sendo substituída pela tela de computador, com a psicoterapia online, onde seu paciente pode até ficar mais à vontade, em casa, no carro, no escritório. Presencial ou online, no atendimento individual ou coletivo, o profissional está sujeito a um rigoroso código de ética. Para se ter uma ideia da abrangência e importância dessa profissão, vide juramento do Psicólogo:
“Como psicólogo, eu me comprometo a colocar minha profissão a serviço da sociedade brasileira, pautando meu trabalho nos princípios da qualidade técnica e do rigor ético. Por meio do meu exercício profissional, contribuirei para o desenvolvimento da Psicologia como ciência e profissão na direção das demandas da sociedade, promovendo saúde e qualidade de vida de cada sujeito e de todos os cidadãos e instituições.”
As demandas da sociedade atual são inéditas para toda população vivente neste século. Uma pandemia mudou o curso frenético de uma vida voltada para correria. De repente, a correria virou uma insuportável calmaria para uma boa parte das pessoas. Já para as pessoas mais carentes, as sem casa, as que perderam o emprego, as que nada tinham a perder, provavelmente, passaram a sobreviver. Após 05 meses de confinamento e de paralisação da economia, não há previsão de quando tudo isso vai terminar. O número de mortes continua a crescer. E lamentavelmente, mais de 115 mil vidas foram perdidas no Brasil. Este é o primeiro dia do psicólogo em 56 anos em que não há o que comemorar. O Brasil está de luto. Lamentamos profundamente.
É a primeira vez que médicos, psicólogos e profissionais da saúde vivem o mesmo drama do paciente. O medo da morte atinge a todos. Toda certeza se resume na incerteza. No campo da ciência, estão sendo testadas as vacinas e há uma luz no fim do túnel.
No campo da psicologia, muita coisa ainda pode ser feita. Muitos traumas e sequelas foram gerados, em especial aos que perderam seus entes queridos. Não houve até agora um só projeto para cuidar da saúde mental. Dissociaram corpo e mente? Onde está o ser humano integral? Corpo, Mente, Espírito?
A população brasileira, além da crise sanitária, vem enfrentando o eterno desgaste da crise política, ética, moral e econômica.
Há um jogo de projeções e de falta de inteligência emocional coletiva. Todos à mercê de representantes políticos que não se envergonham em dificultar a vida da população, gerando mais sofrimento emocional e insegurança.
Sabemos que a pandemia vai acabar. Mas, não há vacina que possa erradicar o ódio do cenário político do Brasil.
Portanto, já passou da hora da população reagir inteligentemente. Não depender dos governos para tratar a saúde emocional. Começando por não dar mais audiência a nenhum conteúdo tóxico, das mais diferentes fontes.
Para lidar com as questões de saúde mental coletiva, muitos serviços online estão sendo oferecidos: lives interativas, palestras, cursos, etc. Para os sobreviventes da tal doença, conteúdos gratuitos e online estão disponíveis no youtube.
Cada pessoa pode buscar melhorar a si mesmo. Um psicólogo só pode ajudar o indivíduo sofre, somente se ele pede ajuda.
Se cada pessoa cuidar de si mesma já estará dando grande contribuição para a sociedade. Além de fortalecer o sistema imunológico, incentiva os outros a fazer o mesmo. Tempo de ser resiliente. Aprender a conviver com a dor, o erro, a injustiça, a incerteza, a ambivalência, a vida e a morte.
Para além do QI (quociente intelectual) e do QE (quociente emocional), precisamos resgatar a nossa inteligência maior: a espiritual. Esta nada tem a ver com religiosidade, e sim com a “capacidade do ser humano em, de acordo com as crenças, valores e ações corretas, equilibrar sua razão e sua emoção com o mundo exterior e assim, encontrar o seu propósito de vida.”
Parabéns para todos os colegas psicólogos e psicólogas, que como eu, escolheram dar sentido para a própria vida, cuidando da vida do outro.
Bernadete Freire Campos
Psicóloga com Experiência de mais de 30 anos na prática de Psicologia Clinica, com