Queda de anticorpos coloca em risco também quem já teve o Covid

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Em meio ao aumento da Covid-19 em novembro, sobressaem casos de pessoas que voltaram a adoecer e a testar positivo para o coronavírus Sars-CoV-2 meses após se considerarem curadas e terem negativado. São casos de possíveis reinfecção e persistência, que podem estar contribuindo para a retomada da curva de crescimento da pandemia. Eles acendem o sinal vermelho para quem pensava estar imune e trazem desafios para a vacinação.

O temor da reinfecção entre médicos é real, explícito em memorandos internos, como um emitido pelo Hospital Federal da Lagoa, em 18 de novembro. É impossível, no momento, saber quantos são os reinfectados. Cientistas estimam que, se não parecem ser a regra, tampouco seriam exceção.

Os outros quatro coronavírus de resfriado comum, bem como os vírus respiratórios em geral, causam reinfecção normalmente, observa a virologista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Clarissa Damaso. O Sars-CoV-2 parece trilhar o mesmo caminho.

Reinfecções se somam a aglomerações e relaxamento de medidas para conter pandemia

À frente de um dos poucos estudos no Brasil que testa coronavírus com RT-PCR, o padrão ouro, e acompanha profissionais de atividades de risco, como saúde e segurança, Terezinha Castiñeiras, diz que a retomada de crescimento de casos da Covid-19 em Brasil e Europa acontece num período curiosamente coincidente, a despeito de condições climáticas e de evolução pandêmica distintas.

Embora não seja possível neste momento fazer qualquer afirmação, é fato que há coincidência entre o aumento de casos e o período estimado para os anticorpos neutralizantes (aqueles que realmente atacam o vírus) adquiridos contra o Sars-CoV-2 diminuírem ou mesmo desaparecerem.

— Com o nível de conhecimento existente não podemos afirmar nada. Mas são possibilidades. A reinfecção e também a persistência podem estar contribuindo para alimentar a retomada do crescimento da Covid-19 registrada este mês. Qual o peso delas, não sabemos — afirma Castiñeiras, coordenadora do Centro de Triagem e Diagnóstico (CTD) para a Covid-19 e chefe do Departamento de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina, ambos da UFRJ.

As reinfecções se somam a aglomerações e ao relaxamento de medidas de contenção e de distanciamento e cuidado pessoal (higiene e uso de máscara). O resultado se vê nas taxas de positividade.

Rafael Galliez, professor de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Medicina da UFRJ, diz que em 17 de novembro a taxa de positivos no CTD  subiu para 37% contra 26% em setembro e 13%, em junho.

— Não sabemos o papel das reinfecções, mas são mais um elemento numa situação explosiva, com aglomerações e cada vez mais gente ignorando cuidados — frisa Galliez.

Fato é que os anticorpos neutralizantes desaparecem após um tempo. Um estudo indica que eles duram por cerca de seis meses. Mas mesmo isso é conjectura, salienta o imunologista Orlando Ferreira, do Laboratório de Virologia Molecular (LVM) da UFRJ.

O GLOBO

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