Venezuela tem 94,5% da população abaixo da linha da pobreza, “É a pior crise econômica e humanitária já registrada na América Latina”

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Em um dos mais prestigiados hospitais da capitalvenezuelana, Caracas, o El Algodonal, referência em doenças respiratórias, às 7 da manhã de uma quarta-feira, a Guarda Nacional Bolivariana, que armada vigia as portas, estava em troca de turno— e aí abriu-se a fresta para um passeio pelointerior. É um cenário de horrores. Faltam luvas, máscaras, antibióticos, oxigênio e até mesmo água, que os familiares trazem em garrafas de refrigerante abandonadas nos banheiros imundos. Goteiras pingam na cozinha sobre a minguada comida dos doentes, muitos com diagnóstico de má nutrição. Não raro, também a luz se apaga, conferindo contornos surrealistas ao drama humano que transcorre naqueles corredores. Outro dia, a cirurgiã chefe Marieta del Raya operava um homem quando se deu um apagão. Manteve as mãos firmes e terminou o delicado trabalho de costura do abdômen com a lanterna do celular. “Esse país está na UTI”, resume a doutora.

 

O retrato do outrora centro de excelência médica, para onde afluía gente de toda a América Latina, é um triste espelho da Venezuela de hoje — o vizinho que a todo instante desponta no polarizado debate político brasileiro como um alvo de intensos ataques ou elogios, a depender do matiz ideológico de quem tem o microfone. Ali, água abundante na torneira, luz acesa, gás para cozinhar, todas essas conquistas civilizatórias básicas se tornaram artigos de luxo no castigado cotidiano da imensa maioria da população desassistida em suas necessidades mais elementares. A informação é da Revista VEJA.

Segundo novos dados da Pesquisa Nacional de Condições de Vida, colhidos a cada ano pelas três grandes universidades do país, à frente do zelo pelas estatísticas que o governo não fornece, inacreditáveis 94,5% das pessoas estão afundadas na pobreza, vivendo com menos de 3,2 dólares por dia. Uma porção de três quartos desse contingente habita uma zona ainda mais dramática — a da miséria. Em nenhum lugar do planeta a fatia dos pobres é tão vasta, nem mesmo em nações africanas onde a escassez historicamente maltrata os indivíduos, como Madagascar e o Sudão do Sul (veja o ranking). “É a pior crise econômica e humanitária já registrada na América Latina, e não foram poucas”, diz Paulo Velasco, especialista na região e autor de Venezuela e o Chavismo em Perspectiva.

Fonte Terra Brasil

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