Em meio à queda de braço sobre informações de transparência do processo eleitoral brasileiro, as Forças Armadas solicitaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) os arquivos referentes aos pleitos de 2014 e 2018. A informação foi inicialmente publicada pela Folha de S.Paulo nesta terça-feira, 12, e confirmada por Oeste.
No ofício datado de 24 de junho os militares justificam a solicitação, destacando a necessidade de “esclarecer e conhecer os mecanismos do processo eleitoral, com a finalidade de permitir a execução das atividades de fiscalização do processo eleitoral”.
A mensagem ao TSE tem assinatura do general Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa.
Os militares solicitaram arquivos de imagens dos boletins de urnas (emitidos ao final da votação com a totalização dos votos de cada urna), arquivos com o registro digital do voto e os logs das urnas (que registram o que ocorreu ao longo da eleição).
As Forças Armadas ainda solicitam acesso ao relatório de urnas substituídas e dados sobre comparecimento e abstenção em cada seção eleitoral.
Bolsonaro e o TSE
A lisura dos pleitos de 2014 e 2018 tem sido contestada pelo presidente Jair Bolsonaro (PR) em seu discurso sobre transparência eleitoral. Na última semana, durante a transmissão semanal na internet, o ocupante do Palácio do Planalto manifestou a intenção de apresentar dados sobre eleições passadas a embaixadores estrangeiros no Brasil.
A manifestação do presidente aconteceu no mesmo dia em que o ministro Luiz Edson Fachin, atual presidente do TSE, afirmou em evento nos EUA que teme por reações golpistas depois das eleições, em menção indireta à visão crítica do Poder Executivo.
Fachin, que vai ser substituído por Alexandre de Moraes no comando do TSE em agosto, mencionou o episódio da invasão do Congresso norte-americano por apoiadores de Donald Trump em 2021como exemplo do que pode ser visto no Brasil.
Na próxima quinta-feira, 14, o Senado marcou uma sessão para tratar do tema,convidando representantes do governo federal e do TSE. A audiência na Comissão de Fiscalização e Controle aguarda a participação de Alexandre de Moraes, além do ministro Paulo Sérgio Nogueira, da Defesa, além de integrantes da Polícia Federal e da ONG Transparência Internacional.